PERGUNTAS E RESPOSTAS.

Sim, desde 1995 a Acupuntura é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina. Legalmente, só pode ser praticada por médico devidamente capacitado e por dentistas e veterinários em suas áreas de atuação.

Os chineses criaram um método terapêutico de valor inquestionável há cerca de 2500 anos ou mais. Explicaram seus efeitos tendo por base seus valores culturais e filosóficos (teoria do Yin e Yang, conceito do Qi, trajeto dos meridianos, etc...) muito diferentes dos nossos. Ainda em nossos dias, a maioria dos médicos e não médicos (estes últimos ilegalmente) praticam a acupuntura por este paradigma. Porém, há cerca de 40 anos, acompanhando o desenvolvimento das neurociências, a acupuntura vem sendo compreendida progressivamente do ponto de vista da biomedicina. Alguns médicos passaram a aplicar a acupuntura baseada no conhecimento anatômico, de biomecânica, de neurofisiologia, de fisiatria e dos mecanismos envolvidos na sensibilização central do sistema nervoso, que origina a dor crônica. Conhecer a distribuição metamérica /segmentar do nosso sistema nervoso (o trajeto de cada nervo que emerge entre as vértebras da coluna e que se dirigem à pele, aos músculos, ossos, articulações e vísceras), conhecer a origem, inserção e ação de cada músculo, seus pontos motores (que produzem sua contração aos menores estímulos), sem esquecer a integralidade do corpo, em que mente e corpo se influenciam e constituem o uno, proporcionou o surgimento de uma prática muito mais resolutiva do que a técnica chinesa original. Em linguagem de informática, foi um upgrade digna de um Steven Jobs. Acupuntura neurofuncional é um nome cunhado no Brasil por um grupo de médicos de Porto Alegre, que criaram o Grupo de Estudos em Acupuntura Neurofuncional (GEANF), liderados pelo Dr. Cláudio Couto, e cujo link é http://www.acuneuro.com.br/site/pt. Vale a pena conhecer. Em língua inglesa, a prática da acupuntura baseada em neurociências é denominada Medical Acupuncture

Como qualquer consulta médica. Se entrevista o paciente colhendo-se informações sobre suas queixas, antecedentes pessoais, familiares e hábitos, examinando-o de acordo com a propedêutica médica convencional, e aí se dirige o foco para a queixa principal, valorizando-se tanto os aspectos físicos como emocionais do paciente para estabelecer um programa terapêutico. Em casos de dores musculoesqueléticas, por exemplo, procede-se ao exame funcional do(s) segmento(s) afetado(s), que será repetido na avaliação imediata e nas avaliações posteriores dos resultados. Exames complementares podem ser solicitados, com o objetivo de auxiliar no diagnóstico. A primeira consulta e a sessão realizada em seguida tem a duração aproximada de uma hora.

Tendo por base o diagnóstico de acordo com critérios anatômicos e fisiológicos, são inseridas agulhas no corpo numa profundidade variável. Em geral as agulhas são ligadas a um aparelho de eletroestimulação (eletroacupuntura). O paciente pode estar deitado ou sentado. O atendimento dura cerca de 45 minutos, desde a entrevista e o reexame de avaliação até o encerramento da sessão.

Existem problemas clínicos onde em uma única sessão se obtém o resultado desejado, mas isto não é o habitual. Em geral se espera um resultado favorável nas primeiras sessões, mas casos crônicos tem uma resposta terapêutica mais lenta. Em algumas situações a acupuntura está indicada, porém não funciona para aquele paciente. Ainda bem que isto ocorre raramente!

Não, porém alguns cuidados devem ser seguidos: compareça à sessão com uma roupa leve e folgada; dependendo do caso, as mulheres devem vir com um top por baixo das vestes e os homens com calção ou cueca. Esteja com a pele limpa. Permaneça sereno, relaxado, e desligue o seu celular, para não ser incomodado.

A rigor não há contraindicações, mas pacientes portadores de marca passo cardíaco não devem ser tratados com estímulo elétrico (eletroacupuntura). A acupuntura pode mascarar sintomas de doenças que necessitam intervenção terapêutica medicamentosa ou outra mais adequada ao caso. Por exemplo, pacientes com hipotireoidismo devem usar suplementos hormonais para o alívio dos sintomas de forma mais eficiente. Pacientes com câncer podem ter seu diagnóstico protelado, e dessa forma perder o momento ideal para o tratamento, que é o mais precoce possível. A acupuntura não é uma panaceia para todos os males, e existem situações, além daquelas em que a acupuntura não é o melhor tratamento, ou mesmo em que a técnica não funciona. Lesões de desaferentação, em que o sistema nervoso foi seccionado e o paciente ficou paraplégico, por exemplo, é uma delas. Assim, o diagnóstico clínico deve estar bem definido no momento da consulta ou nas consultas subsequentes, em curto prazo. Daí a importância de se recorrer a um médico, ao optar pelo tratamento com acupuntura.

Os efeitos colaterais são mínimos e contornáveis. Mac Pherson (2001) constatou, entre 34407 tratamentos com acupuntura realizados por profissionais treinados no Reino Unido, reações locais leves (1,7 %), dor (1,2%), sangramentos (0,4%), e agravamento de sintomas pré-existentes (2,8%). A dor é mais frequente em pacientes muito ansiosos e que tem medo de agulhas, mas em geral, com a continuidade das sessões, deixa de ser significativa a ponto de interromper o tratamento. Os sangramentos na maioria dos casos são puntiformes, à retirada da agulha, e são estancados por meio de uma leve pressão com um algodão. Às vezes surge uma equimose no local de agulhamento. O agravamento dos sintomas pode ocorrer por curto prazo (até 24 horas), mas é seguido de grande alívio. Entretanto, podem ocorrer efeitos colaterais graves com a técnica. Peuker (1999) , mostrou a ocorrência de lesões traumáticas em vísceras torácicas e abdominais, no sistema nervoso periférico e central, inclusive com mortes devido a pneumotórax e tamponamento cardíaco. Embora rara, a iatrogenia (efeito negativo causado) por acupuntura pode ser evitada ou minimizada se efetuada por médicos (ERNST, 2000) . E, caso ocorra, somente o médico reúne condições para enfrentar a situação. Concluindo, a possibilidade de cura da doença ou alívio dos sintomas com acupuntura compensa, com larga margem, os riscos envolvidos com o procedimento.

A acupuntura, com técnica adequada, desativa o sistema do stress por sua atuação no eixo neuro hipotálamo hipofisário. Leia sobre o stress e suas consequências sobre a saúde em textos deste site.

Casos agudos, como num torcicolo, na dor lombar, dor no ombro, paralisia facial periférica, traumas, herpes zoster, cólica renal, náuseas e vômitos da gravidez, podem requerer tratamento 2 ou 3 vezes por semana, no início. Estes casos necessitam um número menor de sessões que aqueles com duração mais prolongada. Dores musculoesqueléticas crônicas (dor no pescoço, dorso, na região lombar, ombros, braços, punho, joelhos, tornozelo, pé, etc.), fibromialgia, insônia, ansiedade, depressão, alterações de fluxo menstrual, enxaqueca, cefaléia de tensão, doenças reumatológicas e inflamatórias (como coadjuvante), requerem sessões uma vez por semana, às vezes durante meses.

Sim, à qualquer hora do dia.

Em seguida, antes, só não há condições de ser durante...

Sim. Muitas vezes o fisioterapeuta solicita, em alguns casos, que a acupuntura seja feita logo antes do tratamento fisioterápico, pois a musculatura estará mais relaxada facilitando os alongamentos. Em outros casos, o paciente sai doído da fisioterapia, e a acupuntura pode produzir alívio.

Não há um só trabalho na literatura médica (que não esteja sujeito a fortes criticas) demonstrando o efeito benéfico da acupuntura, de forma isolada, em estética. O relaxamento que a técnica produz nas linhas de tensão da face, que provocam as rugas, é fugaz, passageiro...

Não. Se assim o fosse todos os médicos acupunturistas estariam ricos... O consumo excessivo de calorias na alimentação, superior ao valor usado pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do dia a dia, é tradicionalmente apontado como a causa do problema, ou seja, o sobrepeso e a obesidade acontecem quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. Na realidade, além da ingesta calórica excessiva em relação ao gasto, trata-se de um o fenômeno muito mais complexo, que abarca fatores genéticos, hormonais, psicológicos, históricos, culturais, e até mesmo econômicos, políticos e sociais, que não cabem ser discutidos aqui. Entre os fatores individuais, é importante realçar a questão da memória corporal. A pessoa com aumento de peso está neuromodulado (vide no site como atua a acupuntura) nesta condição. As células adiposas, que acumulam gordura, foram ativadas, e a reversão desta situação é bastante problemática. Estima-se que para cada quilo perdido o indivíduo deve permanecer de 1 a 2 meses com o novo peso, para que o sistema nervoso o identifique como mais magro. Assim, uma pessoa que emagreceu 5 quilos, deve ficar entre 5 e 10 meses sem que o ponteiro da balança suba. Senão, na primeira escapulida na padaria para comer uma empadinha, já era... Por isso as dietas (que tem início, meio e fim e geralmente são de curta duração) não funcionam a contento, e sim a mudança definitiva do padrão alimentar. Não se pode esperar que o agulhamento em alguns pontos do corpo produza milagrosamente o emagrecimento. Mas o indivíduo que decide identificar e enfrentar os diversos fatores citados acima, mudar hábitos alimentares e manter a prática de atividades físicas (regular e adequada a cada caso) pode se beneficiar do tratamento com acupuntura na maioria dos casos. A técnica adequada pode reduzir a compulsão alimentar e auxiliar o paciente na árdua tarefa que tem pela frente.

Assim com na questão do sobrepeso e da obesidade, a questão aqui é igualmente complexa. Hoje se sabe que receptores no cérebro específicos para a nicotina, quando ativados pela droga, liberam substâncias, como a serotonina, que promovem sensação de prazer (ativam o sistema de recompensa do organismo), e é por isso que um cigarrinho basta para amenizar sintomas de ansiedade e depressão. Nas pessoas viciadas, deixar de fumar por algumas horas dá uma sensação terrível e um desejo incontrolável de tragar, pela falta daquelas substâncias. Além do vício em si, há todo um gestual que acompanha o fumante. Isto, e mais os sintomas decorrentes da falta de nicotina no organismo (síndrome de abstinência – desejo intenso de fumar, tensão, irritabilidade, depressão, dificuldade de concentração, queda do número de pulsações cardíacas e da pressão arterial, transtornos do sono, alterações nos impulsos elétricos no cérebro, alterações gastrointestinais, etc...), tornam extremamente difícil deixar de fumar. A acupuntura pode reduzir a ansiedade e diminuir a compulsão pelo tabaco, mas, isoladamente, tem resultados pífios. A pessoa que quer parar de fumar, DE FATO, deve procurar ajuda com os médicos capacitados para escolher, entre os diversos meios terapêuticos, medicamentosos ou não, qual o mais adequado ao seu caso. A acupuntura pode se constituir num importante auxílio para parar de fumar, como coadjuvante aos outros tratamentos. Ajuda principalmente na redução dos efeitos da síndrome de abstinência, mas não espere que agulhinhas na orelha e no corpo tirem seu desejo de fumar, como num passe de mágica! Nas outras dependências, a limitação da técnica é semelhante. Pode ajudar como tratamento complementar.

Não há restrições quanto ao uso de medicamentos concomitante à acupuntura. Em, muitos casos, porém,, a técnica possibilita a redução dos remédios, como no caso de analgésicos e outras classes de medicamentos utilizados no tratamento da dor crônica.

A concha da orelha é inervada pelo nervo vago, e a fossa triangular (acima da concha) pelo nervo trigêmio, ambos de origem craniana (ao invés de emergirem para a periferia pela medula espinhal o fazem pela base do cérebro via cavidades no crânio), e fazem parte do sistema nervoso autônomo parassimpático. O agulhamento nestas áreas modula o sistema nervoso autônomo parassimpático, que antagoniza o sistema nervoso autônomo simpático, responsável pela liberação de substâncias relacionadas ao stress, como a adrenalina. O efeito é calmante, relaxante; a chamada auriculoterapia é uma técnica complementar à acupuntura sistêmica, e muito utilizada no tratamento de compulsões (alimentares, vícios)